ESMO 2017

Pneumonite induzida por radioterapia antes do uso do nivolumabe e risco de doença pulmonar intersticial

LOGO GBOT NET OK 1A oncologista Clarissa Mathias, presidente do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), médica do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB) e Diretora da América Latina da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC), comenta estudo apresentado na ESMO 2017 sobre a correlação de história de pneumonite induzida por radioterapia antes do uso do nivolumabe e risco de doença pulmonar intersticial ou sobrevida livre de progressão em pacientes tratados com nivolumabe.

Nivolumabe é eficaz em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) em segunda e linhas subsequentes de tratamento. Um possível efeito abscopal do inibidor de checkpoint após radioterapia atrai atenção. Entretando, não está clara a correlação entre pneumonite por radioterapia antes do tratamento com nivolumabe e o risco de doença intersticial pulmonar ou sobrevida livre de progressão pós tratamento. Foi realizada uma análise retrospectiva da relação entre estes achados.

Entre dezembro de 2015 e julho de 2016, 201 pacientes tratados com nivolumabe foram retrospectivamente avaliados neste estudo multicêntrico conduzido em 3 centros japoneses. Foram avaliados idade, sexo, história de tabagismo, tipo histológico, desempenho clínico, pneumonite induzida por radioterapia, campo da radioterapia. Foram também avaliados doença intersticial e eficácia.

A idade mediana foi de 68 anos, 135 homens e 157 fumantes, 153 ECOG 0 ou 1, 34 com história de penumonite induzida por radioterapia antes do Nivolumabe e 50 pacientes receberam radioterapia em campo pulmonar (31 pacientes receberam radioterapia curativa). Para todos os participantes, a sobervida livre de progressão foi de 2,8 meses, a taxa de doença pulmonar intersticial foi de 12,4%. Na incidência de doença intersticial, ausência de pneumonite versus ausência de pneumonite 9,6% vs 26,5% (risco relativo: 2,76, 95% de intervalo de confiaça: 1,33-5,73), ausência de radioterapia em campo pulmonar vs radioterapia em campo pulmonar; 8,6% vs 22,0% (risco relativo: 2,37, 95% de interval de confiança: 1,15-4,88).

A sobrevida livre de progressão mediana nos pacientes com e sem pneumonite induzida por radioterapia foi de 2,3 m vs 3,6 m, ausência de radioterapia em campo pulmonar vs radioterapia em campo pulmonar foi de; 2,2 m vs 3,3 m, e, em análise univariada, pneumonite induzida por radioterapia apresentou tendência a aumento de sobrevida livre de progressão (hazard ratio: 0,71, 95% de interval de confiança: 0,44-1,10), entretanto radioterapia em campo pulmonar não se correlacionou com sobrevida livre de progressão (hazard ratio: 1,02, 95% de interval de confiança: 0,69-1,47).

Em análise multivariada, pneumonite induzida por radioterapia se correlacionou de maneira significativa com sobrevida livre de progressão (hazard ratio: 0.,58, 95% de interval de confiança: 0.,35-0,93).

Nesta análise retrospective, a ocorrência de pneumonite antes da utilização de nivolumabe aumentou a incidência de doença pulmonar intersticial mas também aumentou a sobrevida livre de progressão após a utilização de nivolumabe. Estes achados provocadores merecem uma investigação prospectiva.

Referência: 1304PD - Correlation of radiation pneumonitis history before nivolumab and onset risk of interstitial lung disease or progression free survival of nivolumab in patients with non-small cell lung cancer.