ESMO 2017

MAPS2: nivolumabe + ipilimumabe no mesotelioma pleural maligno

Pulm o Horiz NET OKA combinação do inibidor de PD-L1 nivolumabe com o inibidor de CTLA-4 ipilimumabe como tratamento de segunda ou terceira linha para pacientes com mesotelioma pleural maligno prolonga a sobrevida global em cerca de 15 meses. Os resultados são da atualização do estudo MAPS2 e foram apresentados domingo, 10 de setembro, na ESMO 2017, em Madri1.

O mesotelioma pleural maligno (MPM) é uma doença rara geralmente causada pela exposição ocupacional ao amianto. A terapia de primeira linha é pemetrexede e quimioterapia à base de platina, com ou sem bevacizumabe. Não há tratamento de segunda linha aprovado e os medicamentos testados neste cenário tiveram baixa eficácia, com uma taxa de controle de doença inferior a 30%. Estudos de Fase II mostraram atividade promissora de inibidores de checkpoint como tratamento de segunda linha.

O estudo

O MAPS2 foi um estudo randomizado de fase II, não comparativo, acadêmico, liderado pelo Intergroupe Francophone de Cancérologie Thoracique (IFCT). O estudo avaliou a eficácia de dois inibidores de checkpoint em pacientes com mesotelioma pleural maligno que recidivaram após uma ou duas linhas de quimioterapia com pemetrexede e platina.

Os pacientes elegíveis tinham > 18, PS 0-1, recidiva do mesotelioma pleural maligno histologicamente comprovada após 1 ou 2 linhas anteriores, incluindo pemetrexede/doublet de platina e doença mensurável. Os pacientes foram randomizados 1:1 para nivo 3 mg/kg q2w, ou nivo 3 mg/kg q2w mais Ipi 1 mg/kg q6w, até progressão ou toxicidade inaceitável. O endpoint primário foi a taxa de controle da doença (DCR) em 12 semanas.

Conforme relatado anteriormente (2), a taxa de controle de doença em 12 semanas avaliada nos primeiros 108 pacientes foi 50% no braço combinado (n=54; 95% IC 36,7 - 63,3%) e 44% (n=54; 31,2 - 57,7%) com nivolumabe em monoterapia. Na ESMO, os pesquisadores relataram os resultados de sobrevida global em 125 pacientes selecionados entre abril e agosto de 2016 em 20 centros de tratamento.

Resultados

A taxa de resposta objetiva foi de 18,5% [8,2 - 28,9%] com nivolumabe e 27,8% [15,8 - 39,7%] com a combinação. Após um seguimento médio de 15 meses, a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 4 meses (95% IC; 2,8 - 5,7) no braço de nivolumabe isolado e 5,6 meses (95% IC; 3,2-8,4) nos braços da combinação. A mediana de sobrevida global foi de 13,6 meses (95% IC; 6,7-NR) com nivolumabe isolado e não alcançada no braço combinado.

A sobrevida global em 12 meses foi de 51% e 58% nos braços nivo e nivo + ipi, respectivamente.

As toxicidades de graus 3/4 foram ligeiramente aumentadas com nivo + ipi (nivo: 12,7%/0% vs. nivo + ipi: 22,9%/3,3%) com 3 mortes relacionadas ao tratamento no braço do tratamento combinado.

Para Gérard Zalcman, principal autor do estudo e chefe do Departamento de Oncologia Torácica do Hospital Bichat-Claude Bernard, Université Paris-Diderot, em Paris, estes resultados de sobrevida global e sobrevida livre de progressão dão suporte à recente decisão do US Food and Drug Administration de conceder status de droga órfã à terapia combinada para mesotelioma. “Os resultados são impressionantes e comparáveis aos resultados do padrão de quimioterapia no cenário de primeira linha. O fato da mediana de sobrevida global não ter sido alcançada no braço combinado sugere que o resultado pode ser maior do que 15 meses", afirmou Zalcman.

A imuno-histoquímica realizada em 99 pacientes revelou que apenas 41% dos pacientes expressava PD-1 e apenas três pacientes expressavam PD-1 em mais de 50% das células tumorais. Não houve correlação entre a expressão de PD-1 e maior sobrevida global ou sobrevida livre de progressão. "Os resultados são decepcionantes e podem ser relacionados ao ensaio utilizado para medir o PD-1 ou o uso de uma amostra de tumor a partir do momento do diagnóstico, em vez de obtida no momento de inclusão no estudo", disse Zalcman.

O estudo foi financiado pela Bristol Myers-Squibb e está registrado em clinicaltrials.gov, NCT02716272.

Referências

1 Abstract LBA58_PR 'Second or 3rd line nivolumab (Nivo) versus nivo plus ipilimumab (Ipi) in malignant pleural mesothelioma (MPM) patients: Updated results of the IFCT-1501 MAPS2 randomized phase 2 trial' - G. Zalcman et al

2 ASCO: http://meetinglibrary.asco.org/record/145342/abstract