Pembrolizumab mostra resposta duradoura em carcinoma de células de Merkel avançado

Carcinoma_Merkel.jpgMuitos pacientes com carcinoma de células de Merkel avançado (MCC), um tipo agressivo de câncer de pele, que receberam a imunoterapia pembrolizumab como tratamento de primeira linha em um estudo de fase II tiveram respostas duradouras.

As respostas foram observadas tanto em pacientes cuja doença foi causada por um vírus, como naqueles cujos tumores foram induzidos por exposição à radiação ultravioleta (UV). Os dados foram apresentados no encontro anual da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer (AACR 2016). O estudo foi publicado simultaneamente no The New England Journal of Medicine.
 
"Neste ensaio clínico, os pacientes com carcinoma de células de Merkel metastático que receberam pembrolizumab tiveram uma taxa de resposta objetiva de 56%, , o que é semelhante aos resultados da quimioterapia, mas a duração da resposta ao pembrolizumab parece ser significativamente mais longa", disse Paul Nghiem, pesquisador afiliado da Divisão de Investigação Clínica no Fred Hutchinson Cancer Research Center, em Seattle e professor de medicina da Divisão de Dermatologia da escola de Medicina da Universidade de Washington.
 
"Embora o estudo ainda esteja em andamento, a grande maioria dos pacientes (86%) que responderam ao pembrolizumab ainda estão experimentando um excelente controle da doença mais de seis meses após o início da terapia", afirmou.
 
O MCC é um tipo raro e agressivo de câncer de pele, e o Poliomavírus das Células de Merkel(MCPyV) é o agente causador em cerca de 80% dos casos. Cerca de dois mil novos casos de MCC são diagnosticados nos Estados Unidos por ano. MCC é 35 vezes menos comum do melanoma, mas, em média, é cerca de três vezes mais propenso a levar o paciente à morte. “A resposta à quimioterapia é geralmente bastante breve e metade dos pacientes desenvolvem a doença progressiva no prazo de três meses após o início do tratamento”, acrescentou.
 
O estudo
 
Nghiem e colegas inscreveram 26 pacientes com MCC avançado/metastático que não receberam terapia sistêmica prévia neste estudo aberto de braço único. Destes, 17 tinham doença MCPyV-positivo. Todos os pacientes receberam 2 mg/kg de pembrolizumab a cada três semanas. As respostas foram avaliadas a cada nove a 12 semanas. No momento da análise dos dados, os pacientes tinham recebido entre quatro a 49 semanas de terapia.
 
A taxa de resposta global foi de 63% em pacientes com MCC vírus-positivo e 44% em pacientes com MCC vírus-negativo (induzido por UV). Quatro pacientes, três com doença vírus-positiva, tiveram respostas completas (RC), e 10 pacientes, sete com doença vírus-positiva, tiveram respostas parciais (RP).
 
Os eventos adversos neste estudo foram semelhantes a outros ensaios de anti-PD-1, sendo em grande parte controlados com o tratamento com esteróides e interrupção do medicamento em estudo. A condição de dois pacientes que desenvolveram toxicidades severas relacionadas com a droga melhorou com o tratamento com corticosteróides e interrupção do pembrolizumab. "É importante ressaltar que estes dois pacientes tiveram espostas antitumorais em curso vários meses após a interrupção do pembrolizumab", observou.
 
"Acreditamos que o sistema imunológico provavelmente veja alvos diferentes em pacientes positivos para o vírus e vírus-negativo", disse Nghiem. Ele explicou que os tumores vírus-positivos produzem as proteínas virais necessárias para o crescimento dos tumores. Estas proteínas virais podem ser prontamente observadas pelo sistema imunológico. Em contraste, o MCC vírus-negativo tem um número extremamente elevado de mutações causadas pela luz solar, que podem alterar as proteínas celulares normais.
 
"Atualmente, não existem medicamentos aprovados pela FDA para o tratamento do MCC. Estamos ampliando este estudo para recrutar novos pacientes e esperamos que estes dados contribuam para tornar novas opções terapêuticas significativas disponíveis para estes pacientes ", afirmou.
 
Nghiem é consultor da EMD Serono, Inc., e recebeu financiamento da Bristol-Myers Squibb para realizar estudos de biomarcadores em ensaios clínicos de MCC.

Referência: Pembrolizumab in Treating Patients With Advanced Merkel Cell Cancer

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