San Antonio 2014

Bevacizumabe neoadjuvante em câncer de mama triplo-negativo

Entre as mulheres com câncer de mama triplo-negativo, o benefício da adição de bevacizumabe à quimioterapia neoadjuvante padrão foi maior para aqueles cânceres classificados como basal-like em comparação com outros subtipos moleculares. Apesar disso, o benefício da adição de carboplatina foi equivalente entre os subtipos. Essa foi a conclusão do estudo apresentado em San Antonio por William M. Sikov, do Alpert Medical School da Brown University, em Providence, Rhode Island.

"Nós descobrimos que a adição de bevacizumabe à quimioterapia neoadjuvante padrão aumentou as taxas de resposta patológica completa para as mulheres com câncer basal-like, ou seja, aumentou a proporção de mulheres que não tinham câncer residual detectado no momento da cirurgia”, explicou Sikov. “No entanto, para pacientes de subtipos não-basal like, houve uma diminuição das taxas de resposta patológica completa", disse.

Entre as pacientes com doença basal-like, a adição de bevacizumabe neoadjuvante à quimioterapia padrão aumentou a taxa de resposta patológica completa de 45% para 64%. Entre aquelas com doença não-basal-like, a taxa caiu, de 60% para 43%.

"Já o acréscimo de carboplatina à quimioterapia neoadjuvante padrão aumentou as taxas de resposta patológica completa, tanto para as mulheres com câncer basal-like como não-basal-like", esclareceu o especialista.

Segundo Sikov, os dados não devem mudar a prática clínica, por duas razões. Em primeiro lugar, observou-se um percentual muito menor de câncer triplo-negativo não-basal-like (13%) do que previsto com base em relatórios anteriores. Em segundo lugar, enquanto o subtipo basal pode ser preditivo de resposta com a adição de bevacizumabe, o interesse no uso do agente na fase inicial do câncer de mama triplo negativo tem diminuído após resultados decepcionantes de diversos estudos de fase III.

"Por outro lado, o subtipo não foi preditivo de resposta com a adição de carboplatina, cujos resultados a longo prazo não são conhecidos". Identificar a proporção relativamente pequena de pacientes com câncer de mama triplo-negativo cujos cânceres são não-basal-like não parece ser útil para decidir sobre o regime de tratamento neoadjuvante apropriado”, acrescentou. "Nós não entendemos as razões para a diferença no benefício do bevacizumabe e o baixo número de pacientes com câncer de mama triplo-negativo com doença não-basal-like dificulta o estudo”, continuou.

O estudo clínico randomizado de fase II CALGB/Alliance 40603 mostrou que adicionar bevacizumabe ou carboplatina à quimioterapia neoadjuvante padrão aumentou as taxas de resposta patológica completa para as mulheres com câncer de mama triplo-negativo. Estes últimos resultados são mais uma análise de dados a partir deste ensaio clínico, no qual 443 pacientes com câncer de mama triplo-negativo operável, estadios II ou III foram recrutados.

Ao todo, 360 pacientes com resposta patológica completa tinham disponíveis as análises de classificação molecular. Trezentos e treze foram classificados como basal-like; 47 foram uma mistura de subtipos: 25 eram normal-like, 14 eram HER2-enriched, sete claudin-low e um deles era luminal A.

"Também observamos que as assinaturas dos genes indicando altas taxas de proliferação e baixa sinalização do receptor de estrogênio, que são consideradas duas características de doença mais agressiva, foram associadas com taxas mais elevadas de resposta patológica completa global e tiveram maior benefício da adição do bevacizumabe. Muitos estudos de correlação adicionais estão sendo realizados utilizando amostras de tecido e de sangue obtidas a partir das pacientes tratadas neste estudo".

O estudo foi financiado pelo NationalCancerInstitute, Roche-Genentech, e BreastCancerResearch Foundation. Sikov não declara conflitos de interesse.

Publicação número: S4-05

Impact of intrinsic subtypeby PAM50 and other gene signatures on pathologic complete response (pCR) rates in triple-negative breast cancer (TNBC) after neoadjuvant chemotherapy(NACT) +/- carboplatin (Cb) or bevacizumab (Bev): CALGB 40603/150709 (Alliance).