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AtualizadoTer, 23 Abr 2024 1pm

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Drops de genômica

Entendendo a transposição gênica e os transposons

Murad 2019 bxEm mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’, o oncologista André Murad (foto) discute a transposição gênica, capacidade dos genes de mudar de posição nos cromossomos; e os transposons, elementos de DNA que codificam a enzima tranposase, responsável pela mobilização desse elemento no genoma. Confira.

Por André Marcio Murad*

A transposição gênica é a capacidade dos genes de mudar de posição nos cromossomos, um processo no qual um elemento transponível é removido de um sítio e inserido em um segundo sítio no DNA.  A transposição gênica foi o primeiro tipo de instabilidade genômica identificado. 

Já os transposons são elementos de DNA que codificam uma enzima chamada tranposase, que é responsável pela mobilização desse elemento no genoma, através de um mecanismo de "corte e cola".

Diferentes tipos de mecanismos de transposição já foram reconhecidos. Na transposição simples, o TE (elemento transponível) é removido de seu sítio original e transferido para um novo sítio alvo. Esse mecanismo é chamado de mecanismo de "corta e cola" porque o elemento é recortado de seu local original e colado em um novo.

Outro tipo de elemento transponível se move através de um intermediário de RNA. Essa forma de transposição é denominada retrotransposição. Os elementos transponíveis que se movem por retrotransposição são conhecidos como retrotransposons, ou retroelementos. Uma enzima chamada transcriptase reversa usa o RNA como molde para sintetizar uma molécula de DNA que é integrada em uma nova região do genoma. Os retrotransposons aumentam em número durante a retrotransposição.

Nos últimos anos, pesquisadores da Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estudaram transposons em vários tumores, sugerindo seu papel na carcinogênese e progressão tumoral. 

Os transposons e o câncer

Fundamentalmente, a inserção do transposon tem potencial de regulação gênica. Pode-se imaginar um transposon se inserindo em um gene benéfico, como um supressor de tumor, por exemplo, silenciando-o. Os transposons têm outras maneiras de interromper o genoma. Eles podem promover a recombinação, o que significa que fornecem locais com DNA correspondente em diferentes cromossomos que facilitam a troca de DNA pelos cromossomos. Isso pode colocar segmentos inteiros de cromossomos onde eles não pertencem.

No DNA das células do câncer de cólon, um tipo de transposon conhecido como Long Interspersed Nuclear Element-1, ou LINE-1, foi recentemente identificado.

Outros estudos mais recentes identificaram LINE-1s ativos no câncer de pulmão, câncer de pâncreas, glioblastoma, meduloblastoma, leucemias e câncer de mama.  

Pesquisas futuras têm como objetivo entender quando e onde a transposição e a retrotransposição acontecem, e quanto elas podem afetar o desenvolvimento de tumores. A etapa seguinte será, obviamente, a procura de ferramentas que possam atuar terapeuticamente, direcionando a transposição e a retrotransposição gênica para frear o desenvolvimento e o crescimento tumoral.

drops transposons 

*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da CETTRO Oncologia (DF)
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