Câncer e imunoterapia em pessoas vivendo com HIV

Pessoas que vivem com HIV (PWH) e câncer têm sido tradicionalmente excluídas dos ensaios com inibidores de checkpoint imune (ICI), o que leva a uma escassez de dados do mundo real sobre o uso de ICIs nessa população. Estudo retrospectivo publicado no JCO traz dados do consórcio internacional de pessoas que vivem com HIV, indicando que o uso de ICI é seguro e eficaz nesses pacientes.

Nesta análise, os autores consideraram indivíduos com HIV tratados com anti-PD-1 ou anti-PD-L1 para cânceres avançados. O método de Kaplan-Meier foi usado para estimar a sobrevida global (SG) e a sobrevida livre de progressão (SLP). As taxas de resposta objetiva (ORRs) foram medidas de acordo com RECIST 1.1 ou outros critérios específicos do tumor, sempre que possível. O tempo de sobrevida médio restrito (RMST) foi usado para comparar SG e SLP entre coortes pareadas com e sem HIV e câncer de pulmão de células não pequenas metastático (mCPCNP).

Resultados

Entre 390 pacientes com câncer vivendo com HIV, a idade mediana foi de 58 anos, 85% (n = 331) eram homens, 36% (n = 138) negros; 70% (n = 274) receberam monoterapia anti–PD-1/anti–PD-L1. Os cânceres mais comuns foram CPCNP (28%, n = 111), carcinoma hepatocelular (CHC; 11%, n = 44) e carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço (HNSCC; 10%, n = 39). Setenta por cento (152/216) tinham contagens de células T CD4+ ≥200 células/µL e 94% (179/190) tinham carga viral de HIV <400 cópias/mL.

Em relação ao perfil de segurança, os autores descrevem que 20% (79/390) tiveram eventos adversos de qualquer grau relacionados ao sistema imunológico (irAEs) e 7,7% (30/390) tiveram irAEs grau ≥3.

 As ORRs foram de 69% (câncer de pele não melanoma), 31% (CPCNP), 16% (CHC) e 11% (HNSCC). Na coorte pareada de mCPCNP (61 com HIV v 110 sem HIV), 20% (12/61) e 22% apresentaram irAEs. A diferença ajustada de RMST de 42 meses foi de –0,06 meses (95% CI, –5,49 a 5,37; P = 0,98) para SLP e 2,23 meses (95% CI, –4,02 a 8,48; P = 0,48) para SG.

“Entre pessoas que vivem com HIV, os ICIs demonstraram atividade diferenciada entre os tipos de câncer, sem excesso de toxicidade. A segurança e a atividade dos ICIs foram semelhantes entre coortes pareadas de pessoas com e sem HIV com mCPCNP”, concluem os autores.

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