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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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WCLC 2018: impacto na prática clínica

WILLIAM William 2018 NET OKO oncologista William N. William Jr. (foto), Diretor Médico de Oncologia e Hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, e Professor Adjunto Associado da University of Texas MD Anderson Cancer Center, comenta os principais estudos apresentados na 19ª Conferência Mundial de Câncer de Pulmão (WCLC 2018), que aconteceu entre os dias 23 e 26 de setembro em Toronto, no Canadá. “Na minha opinião, os estudos NELSON, PACIFIC e IMpower133 são os três trabalhos apresentados com maior potencial de modificar os padrões de avaliação e tratamento do câncer de pulmão”, avalia. Confira a análise do especialista.

Por William N. William Jr.

NELSON – este estudo randomizado belgo-holandês veio corroborar a importância do rastreamento do câncer de pulmão em indivíduos de alto risco. Envolvendo 15.792 homens e mulheres de alto risco com idade de 50-75 anos, o protocolo incluía fumantes ou ex-fumantes (que cessaram tabagismo há menos de 10 anos), com carga tabágica alta, definida como ≥ 15 cigarros/dia por >25 anos ou ≥10 cigarros/dia por > 30 anos. A randomização (1:1) foi feita entre observação versus tomografia de tórax volumétrica de base e após 1, 3, e 5.5 anos, com seguimento até pelo menos 10 anos. Houve uma redução de 26% na mortalidade específica por câncer de pulmão em homens (desfecho primário) e entre 39-61% em mulheres. Ademais, houve migração do estádio ao diagnóstico nos pacientes alocados para rastreamento, sendo 69% dos casos de câncer de pulmão identificados em estádio IA ou IB. Agora com um segundo estudo positivo de rastreamento (além do estudo NLST já previamente publicado), faz-se necessária uma reflexão de como implementar a estratégia de rastreamento em nível populacional. Considerações a serem ponderadas incluem as possíveis dificuldades de mobilização da população a aderir a esta estratégia, os custos associados ao regime de rastreamento, a necessidade de acoplar programas de cessação de tabagismo, e a capacidade de diagnóstico, acompanhamento e tratamento dos nódulos pulmonares identificados, especialmente em um contexto brasileiro de alta incidência de doenças granulomatosas, que poderia aumentar o número de resultados falso positivos e desfavorecer a relação risco/benefício de uma estratégia predominantemente estudada em países desenvolvidos. Mesmo frente a estas limitações, a redução da mortalidade por câncer de pulmão é robusta e o rastreamento precisa ser levado em conta no desenvolvimento de ações nacionais de combate ao câncer.

PACIFIC – foram reportados os dados de sobrevida global, desfecho co-primário deste inovador estudo, que já havia demonstrado melhora da sobrevida livre de progressão em favor do uso do anti-PD-L1 durvalumabe no tratamento de consolidação pós quimiorradioterapia em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células estádio III comparado ao placebo. Com um seguimento mediano de 25,2 meses, este estudo mostrou uma redução relativa de risco de morte de 32%, o que se traduziu em um aumento de sobrevida global de 56% em 2 anos no braço placebo versus 66% no braço de durvalumabe. Ademais, observou-se uma redução de 47% no risco de desenvolvimento de metástase a distância ou morte, indicando que esta estratégia pode alterar a história natural da doença e possivelmente eliminar focos micrometastatáticos. O durvalumabe já está aprovado no Brasil para uso como terapia de consolidação e os dados de sobrevida global eliminam qualquer dúvida com relação ao valor deste tratamento em uma situação na qual terapia citotóxica administrada após o término da quimiorradiação mostrou-se ineficaz em melhorar desfechos em pelo menos dois estudos randomizados. O perfil de toxicidade manteve-se favorável no seguimento a longo prazo.

IMpower 133 – este estudo de fase 3 em primeira linha para câncer de pulmão de células pequenas avaliou a adição de atezolizumabe a carboplatina e etoposídeo. Nos pacientes com resposta parcial/completa ou doença estável após 4 ciclos, o atezolizumabe era mantido até progressão de doença. Houve melhora da sobrevida mediana de 10,3 meses no grupo controle versus 12,3 meses no grupo que recebeu a imunoterapia (HR 0,7 IC 95% 0,54-0,91, p=0,007), sem aumento proibitivo de eventos adversos. Deve-se ressaltar que praticamente todas as tentativas anteriores de intensificação de tratamento sistêmico para doença extensa nas últimas décadas falharam em melhorar os desfechos, incluindo o uso de quimioterapia em doses altas, adição de terceira droga citotóxica a platina e etoposídeo e a substituição de etoposídeo por um outro agente. Dessa forma, este avanço é considerável e julgamos que a combinação de carboplatina, etoposídeo e atezolizumabe representa o novo tratamento padrão de primeira linha para câncer de pulmão pequenas células extenso. Entretanto, a mortalidade nesta doença permanece alta e esforços continuam para que possamos aperfeiçoar ainda mais as opções terapêuticas.    


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