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Quimioterapia mais trastuzumabe sequencial ou simultânea no câncer de mama HER2+

MAX MANO 2018 NET OK 3Em um acompanhamento médio de 5 anos, a taxa de resposta patológica completa (pCR), sobrevida livre de doença (SLD) e sobrevida Global (SG) de pacientes com câncer de mama HER2+ foram semelhantes entre as pacientes tratadas no cenário adjuvante com quimioterapia baseada em antraciclina e trastuzumabe sequencial (à antraciclina, porém concomitante ao paclitaxel) ou concomitante (a todo o tratamento quimioterápico). Quem comenta a análise de longo prazo do estudo ACOSOG Z1041 (Alliance), conduzido pela University of Texas MD Anderson Cancer Center e realizado através do American College of Surgeons Oncology Group (ACOSOG), atual Alliance for Clinical Trials in Oncology, é o oncologista Max Mano (foto), coordenador de pesquisa clínica do Hospital Sírio-Libanês. O trabalho foi publicado no JAMA Oncology.

O estudo traz os dados amadurecidos do estudo de Fase III conduzido pelo MD Anderson que demonstrou que essas pacientes também podem alcançar uma alta resposta patológica completa (pCR) com estes tratamentos. Receber a combinação sequencialmente, que no caso deste estudo se mostrou igualmente eficaz, pode reduzir o risco de toxicidades cardíacas (especialmente cardiomiopatia) que podem ocorrer com tais tratamentos.

“O estudo em questão encerra duas antigas questões. Primeiro, que a administração de trastuzumabe concomitante à um esquema de antraciclinas não se justifica no contexto clínico – pois não existem vantagens em eficácia e, além disso, existe um risco teoricamente mais alto de cardiotoxicidade. Segundo, que a administração de um esquema ‘invertido’ de taxanoàantraciclina em vez do mais usual antraciclinaàtaxano não acrescenta vantagens clínicas, conforme defendiam os invstigadores da mesma instituição”, observa Max Mano.

"Nossas descobertas permitem que as mulheres com essa classe de câncer de mama sejam poupadas de cardiotoxicidades associadas à antraciclina e ao trastuzumabe administradas simultaneamente ao mesmo tempo", diz Kelly Hunt, chair do Departamento de Cirurgia Oncológica de Mama do MD Andreson e autora correspondente do estudo. “A pesquisa também oferece orientação clínica definitiva aos médicos. Muitos optam por tratar com uma abordagem mais agressiva quando a doença está em um estágio avançado ou devido à pouca idade da paciente. Nosso estudo confirma que, para as pacientes com câncer de mama HER2+, menos é mais”.

Métodos

O estudo randomizado de fase III incluiu 280 mulheres (mediana de idade 50 anos, 28-76 anos) com câncer de mama invasivo HER2+ de 36 centros dos Estados Unidos e Porto Rico entre setembro de 2007 e dezembro de 2011. As pacientes foram randomizadas entre dois braços de tratamento com quimioterapia neoadjuvante baseada em antraciclina e trastuzumabe. A terapia foi seguida por cirurgia.

O braço sequencial (braço 1) inscreveu 138 pacientes que receberam o esquema de combinação de quimioterapia de três drogas FEC (fluorouracil 500 mg/m2, epirrubicina 75 mg/m2 e ciclofosfamida 500 mg/m2) a cada 3 semanas por 12 semanas, seguido pela combinação de 80 mg/m2 de paclitaxel e 2 mg/kg (exceto dose inicial de 4 mg/kg) de trastuzumabe semanalmente por 12 semanas.

O braço concomitante (braço 2) inscreveu 142 pacientes que receberam a mesma combinação de paclitaxel com trastuzumab semanalmente durante 12 semanas, seguido de FEC de 3 em 3 semanas com trastuzumabe semanal durante 12 semanas.

Todas as pacientes receberam um ano de tratamento com trastuzumabe. Mulheres com tumores receptor hormonal positivo receberam terapia endócrina; as pacientes foram submetidas a radiação a critério do médico.

O endpoint primário do estudo foi a taxa de resposta patológica completa na mama. Os desfechos secundários incluíram a taxa de resposta completa nos linfonodos, sobrevida livre de doença e sobrevida global.

Resultados

Os pesquisadores relataram anteriormente nenhuma diferença nas taxas de pCR entre os dois braços. Da mesma forma, neste estudo, com tempo médio de acompanhamento de cinco anos, não foram encontradas diferenças nas taxas de SLD ou SG com administração simultânea ou sequencial do tratamento.

Houve 22 eventos de doença no braço 1 e 27 no braço 2. As taxas de sobrevida livre de doença não diferiram em relação ao braço de tratamento (log-rank estratificado P = 0,96; hazard ratio estratificado [HR] [braço 2 ao braço 1] 1,02; 95% IC 0,56-1,83). A sobrevida global não diferiu em relação ao braço de tratamento (log-rank estratificado P = 0,73; HR estratificada [braço 2 ao braço 1], 1,17; 95% IC, 0,48-2,88).

Para Max Mano, os dados de recorrência e sobrevida global devem ser interpretados com cautela. “O estudo não tinha poder estatístico para detectar pequenas diferenças entre os braços – algo que, no entanto, pode ser visto como improvável, visto a ausência de diferenças estatisticamente significativas para o desfecho primário (resposta patológica completa)”, avalia.

“Além disso, deve-se acrescentar o fato de que o tratamento padrão em neoadjuvância de doença HER2 positiva mudou ao longo do tempo – incluindo agora o pertuzumabe, e com cada vez menos uso de antraciclinas – criando uma dificuldade adicional para a interpretação dos dados”, diz o especialista.

Os autores observaram ainda que a maioria dos pacientes com câncer de mama HER2+ ainda é submetida à cirurgia em primeiro lugar, apesar de mais da metade das pacientes apresentarem resposta patológica completa com a terapia neoadjuvante. “A melhor maneira de determinar qual câncer é sensível à terapia é administrá-la quando o câncer está intacto. Precisamos nos concentrar em oferecer tratamentos adicionais para pacientes que ainda apresentam doença persistente durante a cirurgia, evitando custos e toxicidades desnecessárias”, diz Hunt.

O estudo está registrado em ClinicalTrials.gov: NCT00513292

Referência: Disease-Free and Overall Survival Among Patients With Operable HER2-Positive Breast Cancer Treated With Sequential vs Concurrent ChemotherapyThe ACOSOG Z1041 (Alliance) Randomized Clinical Trial - Aman U. Buzdar, MD1; Vera J. Suman, PhD2; Funda Meric-Bernstam, MD3; et al Ann Marilyn Leitch, MD4; Matthew J. Ellis, MD, PhD5; Judy C. Boughey, MD6; Gary W. Unzeitig, MD7; Melanie E. Royce, MD8; Kelly K. Hunt, MD9 - JAMA Oncol. Published online September 6, 2018. doi:10.1001/jamaoncol.2018.3691

 



 

 

 

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