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AtualizadoSex, 19 Abr 2024 1pm

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Daichii Sankyo

 

Exames de sangue na vigilância de linfoma, qual o valor?

GUILHERME PERINI NET OKExames de sangue de rotina não têm impacto na sobrevida e, portanto, têm valor limitado na vigilância de pacientes com linfoma. A conclusão é de estudo publicado no British Journal of Cancer. “O estudo mostra que é seguro omitir tais exames da prática médica diária, poupando os pacientes da preocupação com falsos positivos e evitando desperdício de recursos. Fica cada vez mais claro que, no seguimento de pacientes tratados para linfoma, menos é mais”, observa o hematologista Guilherme Perini (foto), do Hospital Israelita Albert Einstein.

Nesta análise retrospectiva, multicêntrica, foram considerados todos os pacientes diagnosticados com linfoma agressivo que obtiveram remissão completa (RC) por pelo menos 3 meses, entre 2000 e 2015, após quimioterapia. Um exame de sangue anormal foi definido como qualquer anormalidade nas amostras totais ou nas taxas de desidrogenase lática (DHL) ou velocidade de hemossedimentação (VHS).

Os resultados mostram que 346 pacientes participaram de um total de 3084 consultas ambulatoriais e realizaram exames de sangue em 90% dessas consultas. Cinquenta e seis (16%) pacientes tiveram recidiva. “Os testes laboratoriais de rotina detectaram recidiva em apenas três pacientes (5% das recaídas). Nos demais, a recaída foi suspeita clinicamente (80%) ou detectada por exames de imagem (15%). A sensibilidade de todas as análises ao sangue foi de 42% e o valor preditivo positivo foi de 9%. Não houve diferença significativa na sobrevida em pacientes que se submeteram a exames de sangue de rotina dentro de 3 meses antes da recaída agressivo versus aqueles que não fizeram (p = 0,88)”, descrevem os autores.

Segundo o hematologista Guilherme Perini, já há alguns anos não é prática o uso de vigilância por imagem em pacientes tratados com linfoma, uma vez que vários estudos mostram que a grande maioria dos pacientes que apresentam recaída do linfoma apresentam-se com quadros clínicos sugestivos. “Portanto, é seguro realizar exames de imagem apenas quando o paciente apresenta quadro clínico de recaída. Com isso, poupamos os pacientes do efeito deletério da radiação repetida dos exames de imagem, evitamos o stress dos pacientes e fazemos uso mais racional dos recursos em saúde”, afirma.

Perini explica que é prática comum realizar exames séricos de vigilância em pacientes tratados com sucesso. Na falta de marcadores tumorais específicos, a desidrogenase lática (em especial nos linfomas não Hodgkin) e o VHS (nos linfomas de Hodgkin) são usualmente solicitados. “Neste estudo, que avaliou mais de três mil consultas, a solicitação destes exames não aumentou a taxa de detecção da recaída, e beneficiou uma minoria dos pacientes. Mais ainda, em pacientes assintomáticos, recaídas foram detectadas em apenas 1% dos pacientes através de exames laboratoriais. Nenhuma recaída em pacientes com LNH foi detectada pelo DHL”, diz.

Assim, o trabalho conclui que é seguro omitir tais exames da prática médica diária. “Devemos, obviamente, manter os demais cuidados recomendados no seguimento pós tratamento oncológico dos chamados survivorships. Para estes pacientes, diversos exames são recomendados, como função tiroidiana em pacientes com irradiação cervical, controle de fatores de risco cardiológico (como colesterol e glicemia), entre outros”, conclui.

Referência: Hawkes, Eliza & Loh, Zoe & Estacio, Ortis & Chong, Geoff & J Ha, Francis & Gilbertson, Michael & Grigg, Andrew. (2018). Routine blood investigations have limited utility in surveillance of aggressive lymphoma in asymptomatic patients in complete remission. British Journal of Cancer. 10.1038/s41416-018-0183-x.

 

 


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