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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Estudo projeta aumento da mortalidade por câncer de pulmão entre mulheres até 2030

Maria Paula Curado NET OKA taxa global de mortalidade por câncer de pulmão padronizada por idade entre as mulheres deve aumentar em 43% entre 2015 e 2030. A análise de dados de 52 países foi liderada por José M. Martínez-Sánchez, professor associado e diretor do Departamento de Saúde Pública, Epidemiologia e Bioestatística da Universitat Internacional de Catalunya, em Barcelona, e publicada na Cancer Research, periódico da American Association for Cancer Research. “No Brasil, as políticas anti-tabaco têm sido mais eficientes para o sexo masculino em comparação com as mulheres. É preciso insistir em alertar e disseminar informações efetivas sobre o risco do tabagismo e o câncer na mulher”, afirma a epidemiologista Maria Paula Curado (foto), do AC Camargo Cancer Center.

No mesmo período, as estimativas indicam que a taxa de mortalidade global por câncer de mama padronizada por idade deve diminuir em 9%. "Embora tenhamos feito grandes progressos na redução da mortalidade por câncer de mama em todo o mundo, as taxas de mortalidade por câncer de pulmão entre as mulheres estão aumentando", disse Martínez-Sánchez. "Se não implementarmos medidas para reduzir os índices de tabagismo nesta população, a mortalidade por câncer de pulmão continuará a aumentar", acrescentou.

Martínez-Sánchez observa que embora trabalhos anteriores tenham se concentrado nas projeções da mortalidade por câncer de pulmão e mama entre mulheres em um único país ou continente, poucos estudos estimaram as tendências de mortalidade causadas por esses dois cânceres comuns em escala global.

Sobre o estudo

Os pesquisadores analisaram dados de mortalidade por câncer de pulmão e câncer de mama em mulheres do Banco de Dados de Mortalidade da Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 2008 e 2014. Para inclusão no estudo, os países deveriam ter relatado dados para pelo menos quatro anos nesse período, e ter uma população superior a 1 milhão de habitantes. Cinquenta e dois países cumpriram esses critérios: 29 da Europa; 14 das Américas; sete da Ásia; e dois da Oceania.

As taxas de mortalidade padronizadas por idade de câncer de pulmão e de mama em mulheres, relatadas por 100 mil pessoas/ano, foram calculadas para cada país com base na população padrão mundial da OMS, que permite a comparação de países com diferentes distribuições etárias, eliminando a idade como uma possível variável de confusão nas taxas projetadas.

Globalmente, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão entre as mulheres está projetada para aumentar de 11,2 em 2015 para 16,0 em 2030; as maiores taxas de mortalidade por câncer de pulmão em 2030 são projetadas na Europa e na Oceania, enquanto as taxas mais baixas de mortalidade por câncer de pulmão em 2030 são projetadas na América e na Ásia. Apenas a Oceania deve ver uma diminuição na mortalidade por câncer de pulmão, com uma redução de de 17,8 em 2015 para 17,6 em 2030.

"Diferentes cronogramas foram observados na epidemia do tabaco em todo o mundo", disse Martínez-Sánchez. "Isso porque é socialmente aceitável que as mulheres fumem nos países europeus e oceânicos incluídos em nosso estudo muitos anos antes de esse hábito ser comum na América e na Ásia, o que reflete porque estamos vendo taxas mais altas de mortalidade por câncer de pulmão nesses países".

Globalmente, a taxa de mortalidade por câncer de mama está projetada para diminuir de 16,1 em 2015 para 14,7 em 2030. A maior taxa de mortalidade por câncer de mama está prevista na Europa com uma tendência decrescente geral, enquanto a menor taxa de mortalidade por câncer de mama é prevista na Ásia, no entanto com uma tendência crescente.

"O câncer de mama está associado a muitos fatores de estilo de vida. Estamos observando um aumento na mortalidade por câncer de mama na Ásia porque esta cultura está adaptando um estilo de vida ocidentalizado, que muitas vezes leva à obesidade e ao aumento da ingestão de álcool, o que pode levar ao câncer de mama. Por outro lado, a diminuição na mortalidade por câncer de mama na Europa pode estar relacionada à conscientização da população, à participação ativa em programas de rastreamento e à melhoria dos tratamentos", explicou Martínez-Sánchez.

Em comparação com os países em desenvolvimento, os países de alta renda têm as taxas de mortalidade padronizadas por idade mais proeminentes para o câncer de pulmão e mama em 2030. No entanto, os países de alta renda têm maior probabilidade de diminuir as taxas de mortalidade por câncer de mama. Além disso, os primeiros a presenciar taxas de mortalidade por câncer de pulmão que ultrapassam as taxas de mortalidade por câncer de mama são, em sua maioria, países desenvolvidos.

A epidemiologista Maria Paula Curado observa que os dados são um alerta de que a mudança do estilo de vida da mulher em direção ao tabagismo e a possíveis exposições ocupacionais e ambientais de risco estão mudando o perfil de mortalidade das pacientes do sexo feminino. “O estudo observa que a mortalidade para o câncer de mama está em declínio na maioria dos países desenvolvidos, demonstrando que as políticas públicas para diagnóstico e tratamento do câncer de mama estão reduzindo o risco de morte pela doença. Entretanto, os resultados mostram uma inversão nas projeções para o câncer de pulmão em mulheres, com futuro aumento da mortalidade pela doença, que deve substituir o câncer de mama como a primeira causa de morte”, afirma.

Entre as limitações da análise está a suposição de que as tendências recentes na mortalidade por câncer de pulmão e mama devem continuar nas próximas duas décadas. No entanto, novas tecnologias de triagem e tratamento, podem alterar as tendências de mortalidade por câncer de pulmão. Além disso, devido ao pequeno tamanho da população e à falta de dados, nenhum país da África foi incluído no estudo.

O estudo foi financiado pelo Ministério de Universidades e Pesquisa do Governo da Catalunha.

Referência: Projections in Breast and Lung Cancer Mortality among Women: A Bayesian Analysis of 52 Countries Worldwide - Juan Carlos Martín-Sánchez, Nuno Lunet, Adrián González-Marrón, Cristina Lidón-Moyano, Nuria Matilla-Santander, Ramon Clèries, Matteo Malvezzi, Eva Negri, Samantha Morais, Ana Rute Costa, Ana Ferro, Luisa Lopes-Conceição, Carlo La Vecchia and Jose M. Martínez-Sánchez - DOI: 10.1158/0008-5472.CAN-18-0187 Published August 2018


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