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AtualizadoQui, 18 Abr 2024 6pm

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Daichii Sankyo

 

Alimentação saudável ​​e menor risco de câncer

DAN WAITZBERGUma grande análise prospectiva de coorte populacional publicada na revista Cancer Research, da American Association for Cancer Research, reforçou que a adoção de um estilo de vida saudável, com a combinação de alimentação adequada, atividade física e baixo consumo de álcool está associada à redução significativa do risco global de câncer. “Os dados foram interpretados por escores nutricionais, particularmente o escore WCRF/AICR, e indicaram redução de 12 a 14% no risco de câncer com dieta e estilo de vida saudáveis. Chama a atenção que a 'contribuição sinérgica' de uma dieta saudável foi mais significativa do que qualquer recomendação dietética única”, observa Dan Waitzberg (foto), professor associado do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), diretor do GANEP Nutrição Humana e diretor cientifico da Bioma4me.

"Entre todos os fatores de risco para câncer (além do tabaco), nutrição e atividade física são fatores de estilo de vida modificáveis ​​que podem contribuir para o risco de câncer", disse a autora do estudo, Mathilde Touvier, chefe da equipe de pesquisa de epidemiologia nutricional (EREN) do French National Institute of Health and Medical Research (Inserm), Universidade de Paris 13.

“O The World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research (WCRF/AICR) estima que nos países desenvolvidos, cerca de 35% dos cânceres de mama e 45% dos cânceres colorretais poderiam ser evitados com uma melhor adesão às recomendações nutricionais. É, portanto, muito importante investigar o papel da nutrição na prevenção do câncer”, acrescentou Bernard Srour, doutorando em epidemiologia nutricional no EREN-Inserm.

O estudo avaliou três recomendações nutricionais previamente validadas: o escore WCRF/AICR; o Alternate Healthy Eating Index; e o escore das diretrizes do Programa Francês de Nutrição e Saúde, além de um índice relativamente novo, o escore MEDI-LITE, que mede a adesão a uma dieta mediterrânea. Os pesquisadores descobriram que todas as dietas estavam associadas a algum risco reduzido, mas as recomendações da WCRF/AICR, desenvolvidas especificamente pensando na prevenção do câncer, tiveram a associação mais forte o com risco reduzido.

Para examinar as relações entre os quatro índices nutricionais e o risco de câncer, os pesquisadores extraíram dados do NutriNet-Santé, estudo lançado em 2009 para investigar associações entre nutrição e saúde em uma coorte francesa. O trabalho incluiu uma grande amostra de 41.543 participantes com 40 anos ou mais, que nunca haviam sido diagnosticados com câncer antes da inclusão no estudo. Os participantes completaram registros de dieta online a cada seis meses, nos quais detalhavam todos os alimentos e bebidas consumidos durante um período de 24 horas. Os pesquisadores então calcularam sua adesão a cada um dos quatro escores nutricionais do estudo.

Entre maio de 2009 e 1º de janeiro de 2017, 1.489 casos de câncer foram diagnosticados nos participantes do estudo, incluindo 488 tumores de mama, 222 cânceres de próstata e 118 tumores colorretais. Os pesquisadores usaram modelos de risco proporcional multivariados de Cox para caracterizar as associações entre cada escore nutricional e o risco de câncer.

Resultados

O estudo mostrou que um aumento de um ponto no escore WCRF/AICR foi associado a uma redução de 12% no risco geral de câncer (95% IC, 8% a 16%; P <0,0001]; uma diminuição de 14% no risco de câncer de mama (95% IC, 6% -21%; P = 0,001) e uma redução de 12% no risco de câncer de próstata (95% IC, 0% -22%; P = 0,05).

O hazard ratio para o risco de câncer colorretal foi de 0,86 (95% IC, 0,72-1,03, P = 0,09). O escore PNNS-GS foi associado ao risco reduzido de câncer colorretal (P = 0,04) e o AHEI-2010 foi associado à redução do risco geral de câncer (P = 0,03).

A adesão às outras dietas também foi associada à redução do risco de câncer, mas o índice WCRF/AICR demonstrou maior força estatística e melhor desempenho preditivo, disseram. Por ter sido projetada especificamente para a prevenção do câncer, os pesquisadores conduziram uma análise mais aprofundada sobre os escores da WCRF/AICR, excluindo certos componentes para avaliar a importância relativa de cada um.

Os autores concluíram que a ‘contribuição sinérgica’ de uma dieta saudável foi mais significativa do que qualquer recomendação dietética única. Por exemplo, antioxidantes encontrados em frutas e vegetais podem contribuir para neutralizar parte do dano oxidativo ao DNA causado pela carne vermelha e pela carne processada, e o exercício pode reduzir a pressão sanguínea, neutralizando em parte os efeitos dos alimentos ricos em sódio. “Isso enfatiza o papel de um estilo de vida saudável geral - nutrição, atividade física e não consumo de álcool - na prevenção do câncer. Portanto, é importante ter em mente que cada fator do estilo de vida conta e nunca é tarde demais para adotar um estilo de vida saudável", sustentam.

Os pesquisadores acreditam que a recomendação da WCRF/AICR para evitar o álcool provavelmente contribuiu para o papel da dieta na redução do risco de câncer. “Nossas descobertas acrescentam dados às pesquisas recentes que implicam o álcool como um fator de risco em muitos tipos de câncer. Em seu último relatório, a WCRF afirmou que há evidências convincentes de que o consumo de álcool aumenta os riscos de câncer de orofaringe, esôfago, fígado, colorretal e mama pós-menopausa, é há ligações aparentes para os tumores de estômago e mama pré-menopausa”, disseram.

Entre as limitações do estudo está o fato de ser baseado em voluntários, o que pode ter gerado maior participação de mulheres, pessoas com comportamentos conscientes da saúde e aqueles com níveis socioeconômicos e educacionais mais altos. Como resultado, alguns comportamentos não saudáveis ​​podem ter sido sub-representados, e as associações entre dietas saudáveis ​​e prevenção do câncer podem ser mais fortes do que o indicado.

“Como pesquisas anteriores mostraram que os franceses consomem mais frutas e vegetais e menos bebidas açucaradas e alimentos processados ​​do que a população americana, aderir às recomendações da WCRF/AICR provavelmente produziria resultados ainda mais dramáticos em uma população norte-americana”, concluíram os autores.

Segundo Waitzberg, o estudo reforça a importância da adoção de um estilo de vida saudável geral - nutrição, atividade física e não consumo de álcool - na prevenção do câncer. “Esta observação tem especial valia para a população brasileira que tem ingestão de frutas, vegetais abaixo da adequada e maior consumo de bebidas açucaradas”, conclui.

O estudo foi financiado pelo Ministério da Saúde da França, Agência Francesa de Saúde Pública (Santé Publique France), Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), Instituto Nacional Francês para Pesquisa Agrícola (INRA), Conservatório Nacional de Artes e Ofícios, Universidade de Paris 13, a Cancéropôle Ile de France e o Instituto Nacional do Câncer da França.

Referência:  Cancer-Specific and General Nutritional Scores and Cancer Risk: Results from the Prospective NutriNet-Santé Cohort - Céline Lavalette, Moufidath Adjibade, Bernard Srour, Laury Sellem, Thibault Fiolet, Serge Hercberg, Paule Latino-Martel, Philippine Fassier, Mélanie Deschasaux, Emmanuelle Kesse-Guyot and Mathilde Touvier - DOI: 10.1158/0008-5472.CAN-18-0155 - Published OnlineFirst July 26, 2018 


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