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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Daichii Sankyo

 

Coberturas Especiais

Tratamento do câncer em gestantes não impacta qualidade de vida dos bebês após o nascimento

Fertilidade_NET_OK.jpgEstudos internacionais apresentados durante a ESMO 2014 demonstraram que as crianças expostas à quimioterapia ou radioterapia na fase pré-natal não sofrem impactos negativos sobre o desenvolvimento mental ou cardíaco após o nascimento.

"Quando a quimioterapia é administrada após o primeiro trimestre da gravidez, não podemos discernir qualquer tipo de problema futuro nas crianças associado ao tratamento", disse Frederic Amant, da Universidade de Leuven, na Bélgica, líder da investigação. "O medo sobre os riscos da administração de quimioterapia não deve ser um motivo para interromper a gravidez, atrasar o tratamento do câncer para a mãe, ou entregar um bebê prematuramente", esclareceu.

Preocupações com o impacto potencial do tratamento do câncer em crianças ainda não nascidas são um problema real na prática dos oncologistas, muitas vezes hesitantes na hora de administrar tratamentos oncológicos para pacientes grávidas.

Na expectativa de dar respostas a essas questões, o grupo de pesquisa liderado por Amant apresentou em Madri as conclusões de três novos estudos.

No primeiro, 38 crianças expostas à quimioterapia no período pré-natal foram recrutadas em um banco de dados mantido pela Rede internacional de câncer, infertilidade e gravidez (INCIP - International Network on Cancer, Infertility and Pregnancy) e avaliadas para o desenvolvimento mental e saúde cardíaca. Seus resultados foram comparados com 38 crianças do grupo controle não expostas à quimioterapia.

Em uma idade média de quase dois anos de idade, o desenvolvimento mental estava na faixa normal para ambos os grupos de crianças, e os dados não foram significativamente diferentes. Dimensões e funções cardíacas também estavam dentro da normalidade em ambos os grupos.

Os investigadores destacaram que este é o primeiro estudo de caso-controle sobre o desenvolvimento de crianças expostas à quimioterapia na fase pré-natal e que as conclusões mostram que a quimioterapia durante a gravidez pode ser considerada segura para o neurodesenvolvimento e o funcionamento cardíaco da criança, dizem os autores.

O estudo dá relevo a uma questão muito importante, que é a segurança a longo prazo da exposição pré-natal à quimioterapia, assim como reforça a noção de que a quimioterapia durante a gestação não representa perigo para o feto e para seu desenvolvimento posterior. No entanto, trabalhos futuros e um acompanhamento de mais longo prazo são necessários para corroborar os resultados.

A segunda pesquisa conduzida por Amant e colegas explorou o impacto da radioterapia sobre os filhos de mulheres tratadas para câncer na fase gestacional. O estudo incluiu 16 crianças e 10 adultos que haviam sido expostos à radioterapia na fase intrauterina. Este é o primeiro estudo de longo prazo com crianças expostas à radiação no pré-natal e mostra que os resultados neuropsicológicos, comportamentais e de saúde estão dentro da normalidade. Apenas uma criança revelou atraso cognitivo grave, mas não foi possível atribuir o problema isoladamente à radioterapia pré-natal.

“Nossos dados vão informar os médicos e pacientes e ajudá-los a tomar decisões em uma situação difícil", disse Amant.

Novas técnicas de radiação e simulações mais sofisticadas de dose fetal têm transformado o cenário da radioterapia, mas a cautela permanece obrigatória ao indicar o tratamento em pacientes grávidas.

Biópsia de sentinela é segura em mulheres grávidas com câncer

A biópsia do linfonodo sentinela tem sido tema de intensa investigação nas últimas duas décadas, em substituição ao método mais antigo e mais invasivo de linfadenectomia axilar para mulheres com câncer de mama com axila clinicamente suspeita. Em mulheres grávidas, a segurança da biópsia do linfonodo sentinela foi avaliada pelo estudo da Universidade de Leuven.

Este método remove o primeiro linfonodo (ou 'sentinela') a receber a drenagem linfática do tumor, portanto com maior probabilidade de conter células metastáticas. Quando o ‘sentinela’ não contém a doença, o restante dos linfonodos não têm que ser removidos, poupando assim o paciente de efeitos secundários associados, como é o caso do linfedema.

"Nosso objetivo é acrescentar ao corpo de evidências dados de que a biópsia do linfonodo sentinela é possível durante a gravidez e deve ser considerada uma opção", explicou Sileny Han, da Universidade de Leuven, durante a apresentação dos resultados do estudo na ESMO 2014.

Os pesquisadores estudaram 97 gestantes com câncer de mama que se submeteram a biópsia do linfonodo sentinela. Seu objetivo era avaliar se o procedimento é seguro para a mãe do ponto de vista oncológico. Depois de um período de acompanhamento médio de 35 meses, oito pacientes tinham experimentado uma recaída loco-regional, incluindo dois que desenvolveram tumores em nódulos linfáticos. Quatro pacientes desenvolveram metástases à distância, dos quais três morreram de câncer de mama.

Os resultados mostram que a biópsia do linfonodo sentinela durante a gravidez tem uma taxa de recorrência axilar baixa. "É um método que pode ser considerado durante a gravidez, em lugar do padrão de dissecção dos linfonodos axilares no estadio inicial", concluiu a pesquisadora.

Para o grupo de pesquisa belga, é uma mudança de paradigma. “Os dados de diferentes instituições da Europa e dos Estados Unidos demonstram que em pacientes não grávidas, a biópsia de linfonodo sentinela é um procedimento de teste eficaz que mantém resultados equivalentes aos da linfadenectomia, com a vantagem de promover melhora da mobilidade do braço, redução da dor e dormência nas axilas, com menor tempo de internação. Por que devemos negar este procedimento para pacientes grávidas com câncer de mama?”

Gravidez não planejada durante o tratamento do câncer

Outro estudo do grupo de Amant mostra a importância de se pensar sobre a contracepção durante o diagnóstico e tratamento do câncer. Os pesquisadores verificaram o banco de dados do INCIP e selecionaram entre as 897 mulheres cadastradas aquelas que engravidaram durante o diagnóstico de câncer ou durante o tratamento.

Em geral, 3,23% (29/897) das pacientes registradas no banco de dados ficou grávida após o diagnóstico de câncer ou durante o tratamento. Desses 29 pacientes, três gestações foram identificadas em exames de diagnóstico para a suspeita de malignidade, mas antes do diagnóstico definitivo; 18 foram confirmadas durante o tratamento, e sete após o diagnóstico de câncer, antes de iniciar o tratamento.

"A mensagem central de nossos resultados é que é vital para os médicos e pacientes discutir contracepção durante o diagnóstico e o tratamento do câncer", lembraram os autores.

Take home message

Maria Nirvana Formiga, oncologista clínica do A.C.Camargo Cancer Center, acompanhou a apresentação dos pesquisadores de Leuven, na ESMO 2014, e  comenta as lições aprendidas com o estudo belga:
 
A quimioterapia após o primeiro trimestre é segura para o bebê. Isso já é feito no nosso serviço quando temos pacientes grávidas com câncer de mama. Esse estudo confirma o que dados retrospectivos já mostraram. Agora, temos evidência da segurança da quimioterapia em relação ao desenvolvimento neuropsíquico e cardiológico da criança.
 
Em relação à radioterapia, os dados apresentados agora na ESMO mostram a segurança das novas técnicas, permitindo cálculo das doses de radiação com proteção da criança intra-útero.
 
O estudo mostrou segurança da biópsia do linfonodo sentinela na grávida, com redução do risco de recidiva axilar, sem o risco de linfedema associado a esvaziamento axilar.O cuidado que devemos ter é não fazer o método com o azul patente, que pode causar hipóxia fetal.

Referências:

267PD_PR: Cancer during pregnancy: A case-control analysis of mental development and cardiac functioning of 38 children prenatally exposed to chemotherapy

49LBA_PR: Long-term neuropsychological and cardiac follow-up of children and adults who were antenatal exposed to radiotherapy

266PD_PR: Sentinel lymph node biopsy for breast cancer treatment during pregnancy - on behalf of the International Network of Cancer, Infertility and Pregnancy (INCIP) and the German Breast Group (GBG)

1527P_PR: Unplanned pregnancy during cancer treatment - on behalf of the International Network of Cancer, Infertility and Pregnancy (INCIP)



 

 
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