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EVITA: qualidade de vida de pacientes com câncer de colo do útero no Brasil

Poster EVITA esmoEstudo multicêntrico liderado pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG) avaliou a qualidade de vida relacionada à saúde (HQoL) em pacientes com câncer de colo do útero recém diagnosticado no país. Os resultados foram apresentados pela oncologista Angélica Nogueira-Rodrigues (foto), presidente do EVA/GBTG, durante sessão de pôster na ESMO 2018, em Munique.

O câncer de colo do útero (CC) é a quarta neoplasia maligna mais comum em todo o mundo, e 85% dos novos casos são diagnosticados em países de renda baixa e média. A doença impacta a qualidade de vida relacionada à saúde em mulheres (HQoL), embora a associação entre fatores socioeconômicos e HQoL não seja bem descrita na literatura.

Métodos e resultados

O estudo de coorte prospectivo observacional (EVITA) incluiu pacientes de 16 instituições no país. Os principais critérios de elegibilidade foram 18 anos ou mais de idade, câncer de colo do útero recém-diagnosticado fase I a IV invasivo. Os dados foram coletados durante consulta médica e em prontuários médicos. O HQoL foi avaliado no início do estudo usando os questionários EORTC QLQ-C30 e CX24. Nível educacional e renda familiar foram avaliados como uma variável contínua e categorizados para esta análise como < 8a ou > = 9a e < 1 ou >=1 salário mínimo, respectivamente. O teste t Student foi usado para comparações entre a doença inicial (estádios I e II) e avançada (estádios III e IV).

No total, 631 pacientes foram incluídas entre janeiro de 2016 e novembro de 2017. A idade média ao diagnóstico foi de 49,3 anos (±13.9). 75 (12,7%) eram estágio I, 222 (37,4%) estégio II, 230 (38,8%) estágio III e 66 (11,1%) estágio IV. A maioria das pacientes com doença avançada apresentaram pior fadiga (27 vs 39; P= 0,0114), dor (26 vs 43; p <0,001), constipação (23 vs 35; P= 0,0072), atividade sexual (90 vs 95; P= 0,008), e preocupação sexual (24 vs 33; P= 0,0489). Preocupação sexual foi pior em pacientes com > = 9 anos de escolaridade (21 versus 32; p= 0,0022). Outras medidas de qualidade de vida não foram diferentes entre os subgrupos de nível educacional e renda familiar.

“Esta é a avaliação mais abrangente de qualidade de vida relacionada à saúde em pacientes com câncer de colo de útero no Brasil. Nosso estudo constatou que pacientes com estágio avançado ao diagnóstico apresentaram pior qualidade de vida. Além disso, também demonstramos que em pacientes recém-diagnosticadas, os fatores socioeconômicos foram de associação limitada com a HQoL”, destacou Angélica, primeira autora do estudo.

“Além disso, o EVITA conseguiu organizar o grupo de médicos onco-ginecologistas no país. Foi a primeira vez que realizamos um estudo multicêntrico, via LACOG, e isso mostrou o nosso potencial”, acrescenta a especialista.

Identificação do ensaio clínico: NCT02671071.

Referência: 978P Quality of life in newly diagnosed patients with cervical cancer in Brazil: Results of EVITA study (EVA/LACOG 0215) A. Nogueira-Rodrigues et al