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Terapia epigenética no câncer de mama avançado

Mama NET OKTerapias endócrinas são a base do tratamento para pacientes com câncer de mama receptor hormonal positivo, mas a resistência à terapia endócrina é frequente, levando à progressão ou recorrência da doença. Estudo apresentado no Simpósio Presidencial da ESMO 2018 no sábado, 20, mostrou os primeiros resultados da terapia epigenética com inibidor de histona deacetilase (HDAC) em pacientes com câncer de mama avançado receptor hormonal positivo.

 

A terapia epigenética pode ‘ligar’ ou ‘desligar’ os genes sem alterar a sequência de DNA. Inibidores de HDAC já mostraram potencial para reverter a resistência à terapia hormonal, mas nenhum estudo clínico randomizado até o momento havia demonstrado a superioridade de um inibidor de HDAC no tratamento do câncer de mama avançado RH+.

Este estudo de fase III avaliou a chidamida, um inibidor de HDAC desenvolvido na China. O estudo inscreveu 365 mulheres na pós-menopausa com câncer de mama avançado HER2 negativo, recrutadas a partir de 22 centros chineses. Todas as pacientes progrediram com terapia endócrina anterior (tamoxifeno e/ou terapia não-esteroide com inibidor da aromatase).

As pacientes foram alocadas aleatoriamente na proporção 2: 1 para receber 30 mg de chidamida duas vezes por semana mais terapia endócrina com exemestano 25 mg por dia ou placebo mais exemestano. O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada pelo investigador. Endpoints secundários foram sobrevida global (SG), taxa de resposta objetiva (ORR), taxa de benefício clínico (CBR) e segurança.

Resultados

A mediana de sobrevida livre de progressão foi de 7,4 meses com chidamida mais exemestano e 3,8 meses com placebo mais exemestano (razão de risco para progressão da doença ou morte 0,755, intervalo de confiança de 95% 0,582-0,978, p = 0,0336). A ORR foi de 18,4% e 9,1% (P = 0,026) e a taxa de benefício clínico foi de 46,7% e 35,5% (P = 0,034) no grupo de chidamida e grupo placebo, respectivamente.

Zefei Jiang, Diretor do Departamento de Câncer de Mama do 307º Hospital do PLA em Pequim, China, responsável pela investigação, destacou que este é o primeiro estudo de fase III a demonstrar que um inibidor de HDAC mais bloqueio endócrino melhora a sobrevida livre de progressão em comparação com terapia endócrina isolada em pacientes com câncer de mama avançado receptor hormonal positivo que progrediram após terapia endócrina prévia.

O regime de tratamento foi geralmente bem tolerado. Eventos adversos graves ocorreram em 51 (20,9%) pacientes no grupo da chidamida e sete (5,8%) no grupo placebo. A maioria dos eventos adversos envolveu distúrbios sanguíneos, em sua maioria assintomáticos e controláveis, descreveu o pesquisador.

“Estudos são necessários em populações ocidentais comparando um inibidor de HDAC ao padrão de cuidado, que é a combinação de terapia endócrina mais um inibidor de m-TOR (everolimus) ou a combinação de uma terapia endócrina mais um inibidor CDK4/6”, avaliou Suzette Delaloge, Chefe do Grupo de Câncer de Mama do Instituto Gustave Roussy, que comentou no ESMO o estudo asiático.

Agora, dois estudos de fase III estão em andamento comparando exemestano e o inibidor de HDAC entinostat, um realizado nos EUA (NCT02115282) e outro na China (NCT03538171).

Referências:

1 - Abstract 283O_PR ‘Phase III trial of chidamide, a subtype-selective histone deacetylase (HDAC) inhibitor, in combination with exemestane in patients with hormone receptor-positive advanced breast cancer ‘ will be presented by Zefei Jiang during the Presidential Symposium 1 on Saturday, 20 October 2018, 16:30 to XXX (CEST) in Room 18 - Hall A2. Annals of Oncology, Volume 29 Supplement 8 October 2018

2 - Munster PN, Thurn KT, Thomas S, et al. A phase II study of the histone deacetylase inhibitor vorinostat combined with tamoxifen for the treatment of patients with hormone therapy-resistant breast cancer. Br J Cancer. 2011;104(12):1828–1835. doi: 10.1038/bjc.2011.156. Epub 2011 May 10.